sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Devaneio Mental com a inocência de uma magia...

Vem aí mais um Devaneio Mental...

Saudações, nobre visitante. Pela primeira vez na história desta seção, um conto será feito à partir de uma indicação de tema. O mesmo foi proposto na rede social Twitter, por intermédio da jovem "Lobo Paranóico". E a sugestão dela foi deveras interessante.

Amante de contos e de histórias que tenham um tanto de fantasia e de magia no ar, a citada jovem iniciou assim a sua ideia: "faça a história de um velho que acha um pincel mágico em um baú, e que com o pincel ele dará vida aos desenhos que fizer".  Pareceu ser algo deveras interessante para este humilde blogueiro (e aspirante a um escritor).

Não chega à ser igual ao que ocorre no blog da jovem Kimono Vermelho (que às vezes lança desafios e pede os mesmos para os seus visitantes e leitores), mas certamente trabalhar em um texto com base na chamada ideia externa pode render sim excelentes frutos.

Tendo por base tudo que foi descrito mais acima o NETOIN! Mais! lhe apresenta, orgulhosamente, um conto onde a magia e a busca pela felicidade tomarão a frente de todas as ações. Nobre visitante, tenhas uma boa leitura e, sempre que quiser, os comentários estarão aí para que exponhas a sua opinião.

Não esqueça: vem aí o #projetoNP!




#13 - Um pouco de tinta, um pincel mágico e...

Cores da felicidade!



Um homem vivia sozinho em uma velha choupana. No auge de sua idade, até então considerada avançada pelos mais jovens, ele fazia buscar se entreter por intermédio da leitura de velhos livros, pelos passeios na região onde residia e nas conversas com algumas pessoas.

É verdade que ele não era uma pessoa perfeita, mas gostava muito de cultivar alguns valores de vida e repassá-los a quem pudesse se interessar. Sonhava diariamente com coisas que iam além de seu contexto de vida real, buscava inspirar-se em coisas pequenas e muito fúteis do dia a dia. Mas sentia-se bem assim.

Se fosse perguntado para qualquer pessoa da região sobre este homem, uma resposta que saltaria de forma imediata por qualquer um dos interrogados falaria, minimamente, que ele era alguém estranho. Muito disto justamente em razão de seu comportamento sistemático e tão simplório, mas também por alguns fatores bem incomuns como, por exemplo, ele viver só em um lugar onde todos tinham alguém para algo compartilhar.

Não é extremismo, nem tão pouco algo digno de pena. Para aquele homem, viver sob a circunstância da solidão não foi exatamente uma escolha, mas sim algo que acabou lhe atingindo com o passar dos anos. Entretanto, mesmo que para os demais ele fosse um “estranho” por assim viver, o pessoal local respeitavam-no justamente por sua simplicidade e pela atenção que demonstrava ter com todos.

A rotina de vida deste homem era baseada apenas nos fatores casa e trabalho, com raros momentos de descanso para o passeio. Mas ele sentia feliz assim mesmo. Não lhe custava nada viver desta forma, com tal anseio em apenas querer ser, por assim dizer, um “estranho” perante os demais.

~ A Biblioteca do Poder... ~

Em uma de suas andanças por aquela pacata cidade interiorana, o homem se dirigiu até a biblioteca. Nela havia poucas pessoas, e apenas uma estava parada procurando por um livro. Uma pequena garota pulava feito um gato serelepe para alcançar o seu objeto de desejo naquela alta e perigosa estante.

Sem muito pensar, o homem foi até lá e ajudou a menina, que sorrindo lhe agradeceu com muita vontade. Mostrando-se realmente agradecida, aquela garotinha começou a conversar muito com aquele homem. Seu objeto de desejo, um livro de contos infantis, foi rapidamente lido pelos dois lá mesmo na biblioteca. Entre pequenas risadas, algumas palavras eram trocadas a esmo, no intuito de ambos se conhecerem um pouco mais.

Em um dado momento, a pequena garota mostrou uma chave para aquele homem. Havia dito para ele que aquele era um segredo de sua família, que sua avó havia lhe dado antes de falecer. Surpreso, o homem indagara o porque de tal confiabilidade na informação e a garota, em sua mais tenra inocência, respondeu a ele que queria mostrar-lhe o poder da mágica.

Os dois saíram da biblioteca e se dirigiram até um prédio anexo a ela. Esta edificação estava surrada pela ação do tempo, comprometida em sua estrutura, onde até as mais diferentes folhagens cresciam em suas labaredas e paredes. Mas em tal local haviam muitos livros igualmente surrados pelo tempo, porém muito raros e até preciosos, dependendo unicamente da visão de quem quisesse lê-los.

A menina havia contado para o homem que ali havia um baú, atrás de uma estante, mas que era muito pesado e por isto ela não conseguia movê-lo. Para o homem foi difícil a ação, mas ele havia conseguido mover tamanho objeto ao alcance de ambos. No auge de seu cansaço, o homem questionou a garotinha sobre o que havia naquele baú e tudo que ela lhe respondeu foi que, dentro daquele baú, havia o poder da felicidade.

Sorrindo gentilmente, o homem acariciou a cabeça da menina e disse que era realmente bom sonhar com coisas assim. Ela, por sua vez, disse que aquilo era verdade e que a chave poderia provar isto. Logo após tal dizer, a menina levou a chave até o baú, abrindo-o após uma girada na fechadura, cujo desenho lembrava um deserto visto de cima, pelo alto, nas nuvens. Aos poucos, a menina foi abrindo baú.

O homem arregalou os seus olhos e, passando a crer na inocência e no anseio de sua pequena amiga, resolveu ajudá-la a abrir aquele velho objeto. Após terem tido êxito na ação, tudo que se pôde ver dentro daquele baú eram muitos papéis, tintas e um pincel. A pequenina sorriu e pulou de felicidade.

Surpreso, o homem só fez assistir toda aquela alegria. A menina, em seu mais puro estado de felicidade, propôs um desafio para o seu novo amigo. O mesmo dizia respeito ao poder daqueles pincéis e daquelas tintas, que infelizmente estavam escassas, com pouca quantidade em seus pequenos vidros. A garota contou para ele que, qualquer coisa que fosse desenhada com aquele material e naquele papel, ganharia vida.

Novamente, em um gesto que unia a serenidade e a gentileza, o homem acariciou a menina e riu de forma descompromissada. Não contente com aquilo, a menina pegou um dos papéis, a pouca tinta que ali tinha, o pincel e colocou tudo em cima de uma mesa. Sorrindo, ela disse para o homem ali desenhar, na frente dela, o que ele bem quisesse. E eis que ele aceitou a proposta, uma vez que nada havia ali para se perder, segundo conduzia a mente do homem.

Ele questionou a garota sobre o porquê dela não fazer o desenho, uma vez que os itens ali presentes eram uma herança de sua família. Sorrindo e pegando na mão do homem, a garota disse que aquilo poderia fazê-lo muito feliz, de acordo com o que fosse desenhado. Desta vez muito pensativo, e notoriamente perplexo com a união de seriedade e inocência nos gestos e nas palavras de sua pequena amiga, o homem começou a algo desenhar.

Na verdade, ele não era muito bom com desenhos. Mas se esforçou bastante e fez uma mulher, adulta, naqueles papéis com aquele material. A garotinha bateu palmas, disse que o desenho estava bonito. Após esperar a tinta secar, a menina enrolou delicadamente o desenho e entregou para o seu amigo, dizendo a ela para levar o trabalho para casa e apenas aguardar. O homem preferiu nada questionar, pois já estava muito amedrontado com tudo até ali. Resolveu apenas obedecer.

A menina e o homem se despediram, prometendo se encontrarem em qualquer dia após aquele. Nas mãos do homem estava um desenho, feito com um material supostamente mágico que, até aquele momento, não demonstrava ter nenhum tipo de poder. E assim seguiu o homem até a sua casa...

~ Quando o Inesperado Acontece ~

Aquela noite estava terrivelmente quente. Sugeria uma mudança climática muito forte no dia seguinte. Estando em sua casa, o homem não se mostrava tão incomodado com isto. Queria apenas poder acreditar, em cem porcento, nas palavras daquela menina que havia conhecido mais à tarde, na biblioteca. O desenho havia sido aberto e deixado sob a mesa da sala. Pensativo e exausto, o homem resolveu ir dormir...

No meio da noite, algo inesperado passou a acontecer. Mesmo deitado, o homem começou a sentir alguns calafrios. Era um momento de grande estranheza para ele. Ao virar a cabeça para o lado, viu que alguém estava ali deitado junto dele e se espantou. Na mesma hora, arrancou o lençol se levantou assustado da cama. Ao fixar o olho muito bem sobre quem estava em sua cama, o homem correu para a sala. O seu susto foi maior ao notar que o desenho não mais existia...

Ele voltou de forma muito cautelar para o quarto. Olhou para aquele desenho vivo. Tocou-o. A resposta que teve foi um olhar muito delicado para ele virado, com um sorriso que tinha o poder de quebrar grandes icebergs em diversos pedaços. O homem ficou totalmente sem ação, meio desnorteado. O desenho se levantou.

Estava muito fiel ao que ele havia feito, aquela mulher em papel, originalmente. Mas chamá-la de desenho representava um grave erro, pois aquilo que estava ao seu lado era uma mulher real. Supostamente, fruto daquela magia que a pequena garota lhe havia falado. O homem continuou totalmente sem ação...

Estranhamente, aquela mulher nada falava. Parece que a magia não era total, mas sem esquecer a fantasia que era presenciar tal momento, o homem pouco para isso ligou. Gentilmente aquela mulher começou a andar na direção do homem, beijou o seu rosto e seguiu para a sala. Ele olhou de forma muito estranha para ela e resolveu checar melhor o que estava acontecendo ali.

Já era de manhã, e o Sol emanava de forma radiante o seu calor pela janela entreaberta. A mulher estava sentada no sofá. Seu cabelo balançava ao delicado sabor do vento que corria timidamente pela sala. Ela sorria admiravelmente. O homem não piscava nem por um segundo, estava totalmente entregue para aquele momento único. Era algo simplesmente inimaginável para ele ver tudo aquilo acontecendo.

Ela começou a dançar, do nada. O homem estava estático feito um poste. E ela o tirou para dançar, mesmo sem nenhuma música de fundo. Por minutos a fio, tudo que se pôde perceber ali era um ambiente acolhedor e que emanava uma paz incomensurável.

Em sua mente, o homem nada entendia e nem queria se dar ao trabalho de fazê-lo. Mostrava-se entregue aos últimos acontecimentos. Lacrimejou de tanta felicidade. A mulher sentou-se no sofá e, com sua mão direita, chamou o homem para executar a mesma ação. Ela começou a rabiscar algo em um papel. Ela apenas acompanhou, lenta e delicadamente, a ação daquela mulher.

Quando finalmente ela terminou de escrever, a mulher pegou o papel e colocou-o em cima da mesa, mostrando um sinal de negativo para o homem. Com gestos, deixou-o a entender que aquilo só poderia ser lido depois de algum tempo, com quem estava para ir embora a qualquer instante. O homem começou a se preocupar e, lá fora, nuvens se juntavam e uma grande ventania passou a acometer toda aquela região.

A mulher puxou o homem pelo braço lá para fora, no quintal da casa. Ela olhou para o céu e, gentilmente, convidou o homem para fazer a mesma ação. As nuvens praticamente bailavam naquele céu que passara do azul límpido para um branco assustador em poucos minutos. A ventania era muito forte.

De forma imediata ao aumento do poder daquele vento, a mulher apertou o homem com força. Sorriu para ele e, com sua mão, sugeriu que o mesmo a segurasse gentilmente em sua cintura. Pasmo o homem ficou, mas executou a ação sem muito pestanejar. O momento lhe parecia ser muito mais importante do que qualquer outra coisa. E nisto havia um grande fundo de razão.

A água começou a cair e, com tal ação, a mulher começou a se desmanchar pouco a pouco. O homem passou a ficar muito abalado e tentava, de todas as formas “viáveis” naquele momento, segurá-la com força e impedir, com o próprio corpo, que a água a atingisse ainda mais. Mas a chuva caiu impetuosamente. Houve apenas tempo para um último sorriso daquela mulher, antes de seu rosto acompanhar o destino do restante de seu corpo. O homem pairou ajoelhado no quintal da própria casa, sem nenhuma ação à vista...

Chateado e triste, o homem entrou em sua casa. Cambaleado por aquele momento que havia vivido. Ao olhar para a mesa, notou que o papel estava com o desenho novamente, mas totalmente manchado, como se o próprio tivesse sofrido com a forte chuva em sua superfície. Ele olhava triste para o desenho quando, repentinamente, se recordou daquela carta.

O homem viu tal carta mais à esquerda da mesa. A pegou com força, muito embora as mãos já estivessem trêmulas o bastante para qualquer tipo de ação. Ele leu as poucas palavras contidas naquele pedaço de papel e se pôs a chorar copiosamente...

~ Um Desfecho Para Um Novo Amanhã... ~

Havia se passado uma semana desde que todos aqueles acontecimentos tinham sido vividos pelo homem “estranho” da cidade. Ele estava vivendo o seu dia a dia naquela normalidade conhecida, muito embora estivesse um pouco machucado em seu interior, em seu próprio coração.

Caminhando como de costume, após mais um dia de trabalho, o homem resolveu seguir até aquele anexo abandonado junto à biblioteca. Nele o homem adentrou e para o baú olhou. O mesmo estava com poucos frascos daquela tinta, todos já sem condições de uso. Não havia nenhum pincel, pois estavam todos em sua casa. À mesa daquele local o homem se sentou.

Com as mãos ajustadas na mesa, o homem suspirou e começou a pensar muito. Neste meio tempo, passos puderam ser escutados, se aproximando bem devagar dele. Era aquela mesma garotinha que, há uma semana atrás, tinha lhe apresentado ao material de mágico poder.

A menina mostrava-se preocupada com o seu amigo. Estava visivelmente chateada. Sentou ao seu lado e lhe pediu desculpas, por não ter contado-lhe tudo sobre aquela magia e nem sobre o que poderia lhe acontecer ao fazer tal uso dela. A menina cutucou o homem para fazer com que ele olhasse para ela, mas sem sucesso.

Quando pensava em levar as suas pequenas mãos ao próprio rosto, o homem para ela olhou e, levando uma de suas mãos à cabeça da pequenina, lhe sorriu gentilmente. Agradeceu a ela por ter apresentado tão maravilhoso presente que, mesmo tendo durado por tão pouco tempo, foi um sonho que acabou se realizando.

Com lágrimas em seus olhos, a menina se abraçou ao homem e começou a chorar, pedindo desculpas sem parar. Acariciando a sua cabeça, o homem pediu a ela que parasse de chorar, que não precisava, que estava tudo bem. Ela então se deixou sorrir um pouco, enquanto o seu amigo lhe limpava o rosto com uma de suas mãos.

Para expressar agradecimento, e mostrar que nada de mal havia acontecido, o homem prometeu um delicioso sorvete para a garotinha, que na hora pulou de alegria e aceitou a gentil oferta para ela feita. De mãos dadas e muito conversando, os dois saíram daquele prédio anexo e seguiram seus rumos, com destino a uma sorveteria.

Os dois se tornaram bons amigos e, sempre que possível, se encontravam para conversar sobre algo. Não era possível dizer se a vida daquele homem mudou após tal acontecimento envolto por uma magia sem igual, mas era fácil notar que ele sorria mais e procurava viver mais a própria vida.

Não foi uma lição, nem tão pouco um tapa na face de alguém. Foi apenas uma prova de que a magia não pode tudo resolver, mas a força interior tudo pode afirmar. Em uma bela tarde assim prosseguiu, com aquele homem e aquela garota conversando na biblioteca...


~ fin ~


~ Posfácio: A Carta da Mulher no Desenho... ~

“Eu sou a visão de alguém que um dia você amou. Eu sou alguém que quer lhe mostrar uma verdade. Viva mais por ti. Não esqueça de sentir por você o que tem pelos outros. Apaixone-se e busque a felicidade. Meu tempo aqui é curto, mas a minha mensagem é para sempre: viva pelo amor e faça dele a sua força. Seja muito, mas muito feliz! Carinhosamente, Ela...”


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