Super Máquina.
Há lembranças que desaparecem da mente de uma pessoa, de acordo com o seu cotidiano e com o que a vida possa ter reservado para a mesma. Mesmo se as casualidades, os confrontamentos e as batalhas diárias forem muito difíceis, existe a seguridade de que existem certos flashs na memória que remetem diretamente para outras épocas, nas quais a vida era "mais simples" e cheia de cores, por assim exaltar.
Obviamente, a minha pessoa está a falar de um momento único na vida de todas as pessoas. Aquela fase que tem de ser saboreada com cuidado e muita alegria, pois caso contrário, o resultado poderá não ser dos mais agradáveis tempos à frente. Trata-se da infância, período no qual (para muitos) brincar e estudar eram as grandes atividades. Nem todos puderam usufruir de uma infância tenra e carinhosa, infelizmente.
Para este blogueiro, existe uma consideração importante para se fazer sobre tal época, e a mesma atende pelo nome de uma cidade: São Paulo/SP. Tendo nascido antes das previsões por parte dos pais, a infância de minha pessoa foi marcada por momentos de grande alegria, por brincadeiras, poucas amizades e brinquedos que, mesmo não existindo em grande abundância para este blogueiro, a grande parte destes se faz presente até hoje, como provas de um período simplesmente mágico.
Muppet Babies: muitas manhãs assistindo-o...
Do triciclo para a bicicleta, ainda com as rodinhas traseiras para apoio. O videogame cujos borrões de cores na tela semeavam a alegria por horas à fio, em frente ao único televisor da casa. Os carrinhos de fricção que, até hoje, se encontram intactos e funcionando perfeitamente. E a saudade do grande bicho de pelúcia que, acima de tudo, era o fiel ouvinte das lamúrias de um garotinho entre os seus quatro e nove anos de idade.
Hoje é até possível olhar para trás e esboçar aquele sorriso com tal recordação, mas na época somente eventos tristes vinham à tona com tal pelúcia. Era um urso cuja medida girava em torno de um metro de altura. Sentado na parede, tal pelúcia dava um charme no quarto que era compartilhado com os dois irmãos mais novos. Este blogueiro, ao ser repreendido pela mãe ou pelo pai, segurava as lágrimas até chegar ao quarto, onde então se dava ao luxo de soltar o choro ao mesmo tempo em que desabafava tudo o que acontecia com aquele urso de pelúcia. Em certas oportunidades a tristeza era tanta, que até se chegava à deitar em seu colo. Tal pelúcia se perdeu em uma enchente, no distante ano de 1998 (já em Curitiba), mas as recordações persistirão para todo o sempre.
Quando se fala de outros brinquedos, um carrinho chamado Super Máquina (referência a uma série de TV que era exibida pela Globo nos anos oitenta) ganha destaque. De igual forma, um Ferrorama modelo XP500 também aparece no hall das grandes recordações. Há também a questão dos hobbies, cujo grande destaque vai para um álbum de figurinhas chamado "Dinheiro do Mundo Inteiro"(1987-1988), que auxiliou a despertar em minha pessoa o fascínio pela numismática. isso para não citar as constantes coleções de figurinhas variadas, provenientes de chicletes como o saudoso Ploc.
Fragmento do Ferrorama XP500.
Era a época dos chocolates Surpresa, da chegada do Master System ao Brasil e das constantes mudanças de razão monetária. Mesmo ainda com onze anos de idade era fácil, para este blogueiro, compreender e se adaptar as mudanças frequentes no dinheiro nacional: em 1986 (do Cruzeiro para o Cruzado), em 1989 (do Cruzado para o Cruzado Novo), em 1990 (do Cruzado Novo para o Cruzeiro), em 1993 (do Cruzeiro para o Cruzeiro Real) e em 1994 (do Cruzeiro Real para o Real).
Falar em datas remete ao estudo. De forma bem honesta, ir para a escola representava uma alegria sem igual para a minha pessoa, que gostava de ler, escrever e desenhar mapas. Era uma grande surpresa, para todos, ver este blogueiro fazendo um mapa do Brasil na segunda série primária, em 1987, sem nenhum livro ao lado. Claro que passava muito distante de ser algo perfeito ou minimamente igual, mas o fato de fazer algo assim "a olho nu" chamava a atenção. Infelizmente, ser atencioso com a educação escolar e ter um comportamento restritivo não surtiram em bons resultados sociais, pois ter amigos era algo possível de se contar nos dedos das duas mãos. A questão do "puxa-saquismo" era constantemente levantada contra a minha pessoa, além do modo de ser quieto (e de poucas palavras) acabar "espantando" a possíveis amizades.
A mudança para Curitiba, em 1989, reservou duas surpresas para este blogueiro quando criança, então com onze anos de idade. A primeira foi uma mudança gradual de comportamento social, graças a liberdade de ir e vir que era possível na capital paranaense (dado o bairro e a rua onde se vivia em Taboão da Serra/SP, que era uma área de grande movimento, e a calmaria do endereço novo em solo curitibano). E a segunda foi uma verdadeira enxurrada de cartas que apareceram, um mês após a mudança, endereçadas a minha pessoa. Um total de trinta e quatro cartas, de todos os coleguinhas da quarta série de Taboão da Serra/SP e da professora, inesquecível em sua bondade e prestatividade. É impossível não lacrimejar ao reler cada carta.
Os programas infantis, os desenhos: a televisão era a grande responsável pelos momentos de descontração da infância deste blogueiro, incluindo nisto boa parte da adolescência. Assistir o Oradukapeta (Sérgio Malandro, no SBT, entre 1987 e 1988), o Xou da Xuxa (Xuxa Meneguel, na Globo, entre 1986 e 1992) e o Clube da Criança (Rede Manchete, entre 1984 e 1988) era algo indispensável, muito mais pelos desenhos e seriados em si do que propriamente pelos seus apresentadores (minha pessoa se importava coma programação em si). Vários desenhos se tornaram inesquecíveis, tais como o Kissyfur (SBT, 1988), O Fantástico Mundo de Bobby (SBT, 1993), A Pedra dos Sonhos (Cultura, 1994) e Muppet Babies (SBT, 1987). Além de seriados como Super Vick (Globo, 1989), Punky (SBT, 1988) e Jaspion (Manchete, 1986). São apenas citações, mas a recordação em tais já soa forte o bastante...
Kissyfur, um dos desenhos preferidos...
Uma época na qual os doces e as brincadeiras formavam um mesmo reino. Um período no qual desenhar verdadeiras cidades no quintal de casa era o prato cheio para a diversão. Aqueles dias nos quais minha pessoa chegava a criar os próprios jogos de tabuleiro, dinheiro próprio entre outras coisas à mais. A imaginação fluía ao sabor do vento e não havia nada, nem ninguém, que conseguisse fazer tais pensamentos e ideias deixarem de se manifestar. Chegava-se ao ponto de, ao brincar de escola com outras crianças, a minha pessoa já tinha pronto todo um material didático feito de próprio punho. Era natural pegar "n" folhas de caderno, nelas escrever como se fosse um livro, grampeá-las e mostrar para todos. Gerava um sentimento de satisfação quase único.
Talvez um tanto diferente da sua infância, nobre visitante. Possivelmente distante da infância que tantas outras pessoas tiveram. Mas, para este humilde blogueiro, estas são as recordações que ficaram presas na mente (e muitas delas no coração) desde então, naquele ensejo claro e único de que as mesmas jamais se percam. Não se pode depender de tais recordações para viver, e nem usar tal período da vida como um tipo de escudo de lamentação, mas certamente esta época deve ficar fixa na memória, no intuito claro de manter aquele período de sua vida presente em sua memória, além de poder mostrar um pouco disto para as novas gerações que estão por surgir.
Seria, este humilde blogueiro, um nerd já em tal época? A dúvida paira no ar. E enquanto a mesma fica martelando na cabeça, minha pessoa deixa aqui os mais sinceros agradecimentos por você ter lido este texto até o final e, mais do que isso, fica feito o convite para que você venha à expressar a sua opinião sobre o mesmo no campo de comentários mais abaixo.
Ficam aqui registrados os agradecimentos a jovem Red Kim.
Graças ao convite feito no post dela em seu blog (o Kimono Vermelho),
sobre a infância nos anos noventa, é que a ideia para este
texto pôde ser nutrida e levada adiante.
Muito agradecido.
o seu discurso inflamado sobre sua infância me fez lembrar muito da minha própria. valeu mesmo pelo presente que foi esse post, Carlírio!
ResponderExcluirSaudações
ExcluirAgradecido pelas palavras, rapaz!
Até mais!
Eu amei o texto, ficou um amor, ainda mais quando você falou do ursinho. ♥
ResponderExcluirSei lá, quando tive a ideia de fazer aquele post foi mais por poder atualizar o site e também ajudar a minha memória a funcionar. Foi aí que entrei em desespero quando percebi que eu já não lembrava muitas passagens importantes da época, sem dúvidas, mais feliz da minha vida.
Fiquei contente de ler o seu comentário lá contando um pouco da sua infância e de ver a complementação aqui. Eu acredito que compartilhando as boas memórias de uma época alegre faz com que não as esqueçamos tão facilmente como já aconteceu antes.
Além do que, eu adoro saber sobre como determinada coisa aconteceu em uma época diferente. Faz parte do meu lado curioso. XD
Parabéns pelo texto, babei arco-íris e inundei a sala aqui. *-*
Agora vou ficar pensando no ursinho... D: #babamaisarcoíris
Saudações
ExcluirAcredito, com grande sinceridade, que épocas assim não podem ser perdidas ou esquecidas, nobre Red Kim. Guardá-las na mente, com carinho, já é algo muito bom de se fazer...
Quanto ao ursinho, infelizmente não achei nenhuma foto dele (ou que que estivesse ao lado dele quando criança). mas esta é uma memória viva na minha mente, até hoje...
Grato a ti, Red Kim.^^
Até mais!